Após
quase um ano de burburinho e preparação, finalmente entrou hoje no ar o
programa da Fernanda Gentil. O Se Joga, que também conta com Fabiana Karla e
Érico Brás como apresentadores, veio para ser uma alternativa mais leve na hora
do almoço para tentar parar a Hora da Venenosa na Record, além de colocar um
novo programa para substituir o Vídeo Show agora que as 14 temporadas de
"A Grande Família" foram ao ar, com um grande sucesso. Com o tanto de
tempo investido e a gravidade da situação da audiência vespertina da Globo, que
capenga pelo menos desde 2012, não tinha como não estar um pouco curioso sobre
esse programa e se valeria todo o hype. Spoiler: Não vale. Mas vamos entender
porque.
Desde
que ouvi sobre a ideia da Globo de criar esse programa no fim do ano passado,
eu já sentia um mal pressentimento. A Fernanda Gentil pra mim é aquele tipo de
apresentadora que não fede nem cheira: Eu não a achava ruim, mas não era fã
dela, mas por algum motivo ela é cultuada por alguns na internet. Ela é vista
como uma rainha progressista pela turma da lacração, talvez por ter se assumido
bi, talvez por ser uma mulher e falar de futebol, eu não sei, tirando ter se
assumido, não lembro dela ter "lacrado", e se fez não é um problema,
mas como essa panelinha de Twitter é bem irritante e agem como uma seita, eu
tendo a ter um asco a tudo que os envolve, mesmo que não sejam pessoas
objetivamente babacas, mas enfim, como o público dela é esse, eu estava
esperando uma versão piorada do "Encontro" nas tardes, mas quando a
Globo começou a promover o programa, eu vi um estúdio colorido e não sabia o
que esperar, mas sabia que não seria um bom programa, mas eu só não tinha ideia
de quão ruim seria.
Já
era um alerta quando vi a duração do programa no site da Globo: Duraria menos
de uma hora. então até a Globo estava com pé atrás com essa ideia, mas agora
não tinha como voltar atrás. As coisas já começaram mal quando o programa
começou 20 minutos atrasado com o JH enrolando sem motivo nenhum (ou com um
motivo simples: O medo de enfrentar Geraldo Luiz e a Hora da Venenosa) então o
programa começa as 14h20 com uma gritaria só, já que os três apresentadores
basicamente falavam um por cima do outro; além disso, a Globo resolveu
esculhambar o programa de vez com vários efeitos sonoros aleatórios,
transformando o programa numa espécie de Programa do Ratinho piorado ou algum
programa da RedeTV!. Eu fiquei surpreso ao ver esse tipo de coisa na emissora,
já que eles ao menos tentam ser mais refinados com seus programas, mantendo um
padrão de qualidade que só a emissora tem, ou tinha, não se sabe
mais.
O
programa teve três momentos: O momento das celebridades, com os apresentadores
usando a ideia do Encontro com aquele quadro com os assuntos do momento, além
de debater a revelação da bissexualidade do Reynaldo Gianecchini e falar sobre
uma espécie de um "Padre Gato", coisa que nem o Fofocalizando cobre,
além da participação da Paola Oliveira, fazendo meio que um arquivo
confidencial e outras coisas que eu realmente não
importo.
Depois
disso, tivemos o momento "humor" do programa, e eu realmente quero
dizer com aspas. Paulo Vieira, ex Programa do Porchat, fez sua estreia no
programa com um quadro que ele fazia no antigo programa, um quadro sobre pobres
que faria até o antigo Zorra Total ser engraçado por comparação. Nesse quadro
tivemos a participação do Igor Guimarães interpretando um cachorro (press F for
Advogado Paloma) e fazendo piadas ao estilo Whindersson Nunes "olha só,
casa de rico é assim, casa de pobre é desse jeito hahahahaha humor, engraçado,
comédia". O pior é que os fãs desse humorista e da Fernanda sempre
pagam de politicamente corretos sobre humor, mas ninguém ao menos reclamou e
problematizou, agora imagine se fosse alguém como o Danilo Gentili ou Léo Lins
fazendo essas piadas? Provavelmente estariam sendo chamados de elitistas,
anti-pobres, nazistas e etc, mas aparentemente estar na Globo dá o passe livre
para "ser engraçado".
Pra fechar o programa, um jogo com a
plateia (que parecia não estar interessada em estar lá) em que dois
representantes foram chamados para adivinhar alguma coisa que não ligo, fazendo
uma espécie de Vídeo Game que mais parecia um circo com todos os efeitos
sonoros que foram jogados no meio. Aparentemente esse jogo só serviu para a
Fernanda Gentil fazer um merchan das Americanas, então vamos logo pra o
veredito, okay?
Forçado,
sem graça e constrangedor são as melhores expressões usadas pra descrever esse
programa. Uma mistura dos piores programas da televisão brasileira, sem dúvida
um dos piores programas que vi. Absolutamente TUDO está errado: Os
apresentadores falam um por cima do outro (aliás, três apresentadores é
realmente necessário?), os efeitos sonoros são deveras abusados, a comédia do
programa é ultrapassada e ofensivamente constrangedora, o programa é muito frenético, tornando impossível entender/aproveitar qualquer coisa, e acima de
tudo o programa tenta fazer muito em pouco tempo e falha em tudo que se propõe
em fazer, ou seja, um erro colossal. A Globo viu esse ano que não era
necessário fazer um esforço grande pra vencer a Record as tardes, A Grande
Família fazia isso com sobras e nem era preciso gastar muito, então por que não
continuar a reprisar comédias e trazer de volta programas como "Tapas e
Beijos", "Toma Lá Da Cá", "Os Normais", "Minha
Nada Mole Vida" (especialmente esses dois últimos como uma forma de
homenagem a Fernanda Young, que morreu pouco mais de um mês atrás)? Ou fazer
uma espécie de "Sessão Globoplay" e exibir séries como "The Big
Bang Theory", "The Office" ou até mesmo "Todo Mundo Odeia o
Chris", daria mais resultado e não custaria o tempo e o dinheiro gastos pra
investir nesse programa, que tem tempo e potencial para melhorar, mas precisa
de muitos avanços para ser considerado aceitável.
Nota: 0/10
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