Isso mesmo que você leu: Após 40 anos na Globo, a maior categoria de automobilismo do mundo está de casa nova, ou melhor, retornando a antiga casa na Bandeirantes, que já transmitiu a categoria em 1980 com narração de Galvão Bueno. Se em 2020 a maior mudança em direitos televisivos foi a ida da Libertadores para o SBT, sem dúvida essa cartada da Band é, até agora, a novidade de 2021, e assim como em 2020, essa mudança teve o mesmo motivo: A pandemia.
A Globo, que sempre monopolizou os artistas e eventos esportivos pagando o dobro para afastar qualquer possibilidade de ser atrofiada pela concorrência, teve que pensar com cautela e liberar vários artistas e eventos esportivos, com isso a concorrência aproveitou. A Band assina os direitos das 23 corridas da temporada de F1 (se o COVID-19 cooperar) para a TV aberta, mas sem a intenção de passar os treinos classificatórios para a mesma, relegando esses para o canal por assinatura Band Sports. Além disso, a F2 e F3 (que contam com alguns brasileiros como Felipe Drugovich e Gianluca Petecof na F2 e Caio Collet na F3) também estarão no canal de assinatura, facilitando a vida dos fãs de automobilismo, que terão a oportunidade de acompanhar o futuro do Brasil no automobilismo desde a origem. A sensação geral por trás disso é de alegria, já que teremos ainda a F1 na TV aberta, mas o que deve mudar daqui pra frente?
Em questão de qualidade de transmissão os fãs de automobilismo não precisam se preocupar. A Band tem uma imensa tradição esportiva, especialmente no automobilismo com os anos e anos da transmissão da Fórmula Indy, Fórmula Truck e etc. Fora que uma boa parte dos remanescentes da equipe da Globo estarão presentes na transmissão: O lendário Reginaldo Leme, que teve um fim triste na platinada em 2019 saindo da emissora sem se despedir, estará como comentarista técnico, trazendo uma bagagem imensa de mais de 40 anos de experiência na cobertura do mundo da F1. Além disso, a competentíssima Mariana Becker, que com a confirmação do fim da parceria da F1 com a Globo foi dispensada, foi contratada para ser a repórter in loco das corridas, algo que fazia magistralmente desde 2008. Há ainda a expectativa da vinda de Sérgio Maurício, narrador da F1 no SporTV, para a Band. Outros (eu) sonham com a promoção de Marcelo do Ó para a TV aberta, já que ele narra as corridas de F1 pela Band News FM, mas isso deve ser algo a ser definido nos próximos dias.
Além disso, fatores a serem considerados são a audiência e o faturamento. Esse último não deve ser o maior dos problemas, já que a Renault, montadora que tem equipe na F1 e patrocinadora da transmissão da Globo desde 2007 já chegou junto com a Band, sinalizando interesse no projeto e outras devem fazer em breve. Agora a audiência com certeza deve sofrer uma queda. Para quem acompanhou a saga da Libertadores no SBT em 2020, percebeu que o povo brasileiro não liga muito para esportes a não ser que esses passem na Globo, só ver a audiência das partidas na emissora do Silvio Santos, que só chegaram a dar seus 20, 30 pontos de audiência na semi final e final. No caso da F1 essa diferença será ainda mais gritante já que o esporte por si só perdeu muita audiência na TV aberta graças a falta de um piloto brasileiro disputando vitórias/título, que fez com que a Globo limasse de vez da programação os treinos classificatórios e o pódio rotineiro do fim das corridas. As corridas de domingo na Globo do ano de 2020 variaram entre 8 e 10 pontos de ibope, na Band nesse horário a audiência costuma ficar em 0.5/1 ponto de audiência. Com a F1, a expectativa é que esses números cresçam, e a temporada 2021 que vem com várias mudanças no grid pode ajudar, mas sem um piloto brasileiro no grid fica bem difícil qualquer coisa, por isso é preciso ter paciência, os indicies devem variar entre 1.5 para 2 pontos, ou quem sabe 3 pontos sendo muito generoso.
Independente do que acontecer, a F1 na Band é uma vitória para o público fã de automobilismo, que além de ter seu entretenimento na TV aberta, terá sem duvida um tratamento especial e diferencial após alguns anos de negligências da Globo. A F1 apesar de estar monótona nos últimos anos com um domínio tranquilo da Mercedes e Lewis Hamilton ainda é um produto bastante rentável, com muito apelo de fãs apaixonados que representam a maior audiência da categoria no mundo, mas que agora vão ter que se mostrar mais fiéis do que nunca.
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