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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Ser Palmeiras é...

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"Ser Palmeiras é..." Essa é uma frase que estou a pouco mais de uma semana tentando completar. Até hoje estou sem palavras e com dificuldade para expressar meus sentimentos após um título heroico e inédito para mim. A tão sonhada obsessão virou uma realidade e muita coisa passou pela minha cabeça após aquele título da Libertadores, então resolvi pensar em tudo que o Palmeiras significa pra mim, mas pra isso, vamos fazer uma viagem ao longo do tempo. 

Quando eu comecei a ver futebol com seis anos de idade, eu não tomei o caminho natural que era escolher torcer para o time que estava sendo campeão naquela época, se eu tivesse feito isso hoje eu seria torcedor do São Paulo, do Internacional ou do Fluminense (sim, os anos 2000 foram de fato estranhos) por algum motivo eu resolvi virar palmeirense e nem ao menos me lembro o por quê, pra mim eu nasci (ao menos no futebol) daquele jeito com uma camisa da época da Parmalat e assistindo aos jogos todo domingo uniformizado como se eu estivesse no Parque Antártica. Na época eu era só uma criança vivendo num mundo onde tudo era novidade e sempre cheio de esperança, e na época torcer para o Palmeiras era isso: Esperança.  

Resultado de imagem para palmeiras 2008 

Por um bom tempo nos anos 2000 o Palmeiras não foi um time protagonista como é hoje, e sim uma equipe comum, coadjuvante, especialmente após o primeiro rebaixamento de 2002. Após a volta o time nunca se recuperou por completo mesmo sem passar pela situação de queda por um bom tempo. Naquela época a luta do Palmeiras era a vaga na Libertadores, mesmo que fosse apenas no 4° lugar. Eu como um palmeirense chorei como um rebaixamento ficar fora do G4 em 2007 e vibrei como um título a classificação para a pré Libertadores em 2008 (claro que esse tipo de exagero tem a ver com o fato de eu ser uma criança na época, mas acho que todo palmeirense se sentiu assim). Nesse mesmo ano de 2008 vi meu primeiro título como um torcedor, que foi o Campeonato Paulista, que teve jogos memoráveis como a virada incrível pra cima do Bragantino por 5x2 ou o jogo maluco contra o São Paulo com 3 pênaltis marcados (incrivelmente todos legítimos) pro Palmeiras, acarretando numa goleada de 4x1 contra o até então bi campeão brasileiro consecutivo. Tínhamos grandes jogadores naquela época: São Marcos ainda ativo (mesmo passando por diversas lesões), Valdívia que era nosso craque tanto no campo como na zueira, que judiou bastante do Corinthians naquela época (inclusive até 2009 tive sorte quando se tratava de derbys, só tinha visto apenas uma derrota, mas 2 surras incríveis de 3x0 em cima do Corinthians, uma em 2007 coordenada pelo animal Edmundo e outra com um hat trick do Obina), Diego Souza que tinha muita raça, Kléber Gladiador e Alex Mineiro formavam um dos melhores ataques que já vi até hoje, se o Palmeiras tivesse ido pra Libertadores 2008 sem dúvida esses dois iriam fazer a gente voar longe. Depois passou o ano, Alex, Kléber e Valdívia saíram mas o time do Palmeiras ganhou Keirrisson, que arrebentou no ano anterior e começou 2009 com tudo, ele jogou tanto que foi convocado para seleção e foi vendido para o Barcelona, mas acabou que sua carreira não decolou. Aqueles dois anos (2008/2009) pareciam que novos ares iriam vir para o Palmeiras, mas infelizmente as coisas não foram assim.    


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Na metade de 2009 as coisas começaram a dar incrivelmente errado: Keirrisson saiu; Luxemburgo saiu; Vagner Love voltou e tudo deu errado; o atual técnico tri campeão brasileiro Muricy Ramalho chegou e deu tudo errado (alguns anos depois Muricy venceria o brasileiro pelo Fluminense e a Libertadores pelo Santos, provando que o problema não era ele e sim o Palmeiras); brigas em campo e muito mais foram os fatores que causaram o time perder o brasileiro mais ganho da história para o Flamengo e nem ao menos se classificar para a Libertadores do ano seguinte, era o início do sofrimento. 

Em 2010 o time fracassou precocemente na Copa do Brasil e no Paulista, então algumas coisas mudaram, ou melhor, voltaram a ser como antes: Kléber Gladiador, Valdívia e Luiz Felipe Scolari faziam seus retornos ao Palmeiras em busca de uma vaga na Libertadores no brasileiro e do título inédito na Sul Americana, mas nenhum dos dois aconteceu, em especial esse último fracasso foi bem doido já que o time estava na semi final e perdeu a vaga para o já rebaixado no campeonato nacional Goiás quando estava quase tudo resolvido.  

Entre 2011 e 2014 a esperança mudou de significado, ao invés de uma espera por dias melhores era um pedido de socorro. Vexames horríveis como o 6x0 do Coritiba, o 6x2 Mirassol e 6x0 Goiás marcaram e marcam até hoje. Claro que vencer uma Copa do Brasil em cima de um de seus carrascos em 2012 ajudaria a apagar essas lembranças, mas no mesmo ano o Corinthians venceu Libertadores e Mundial e o Palmeiras foi rebaixado para a série B pela segunda vez, criando duas marcas difíceis de se apagar: O rebaixamento e o Mundial. Nessa época falar numa rodinha de amigos que você era palmeirense era pedir pra ser zoado e não poder devolver pois a realidade te refutava e a equipe não melhorava, mas após quase ser rebaixado pela terceira vez, em 2015 os palmeirenses finalmente teriam uma pausa no sofrimento.   


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Após 2014, o Palmeiras assina um contrato de patrocínio master com a Crefisa e tem a oportunidade de reformular o clube e subir de patamar. Foi contratado o diretor de futebol do atual bi campeão brasileiro Cruzeiro, Alexandre Mattos, que com a grana da patrocinadora começou a contratar todos os jogadores possíveis e inimagináveis, alguns bons, alguns ruins, mas um em especial chamou a atenção: Dudu, que estava sendo pretendido por São Paulo e Corinthians, acabou fechando com o Palmeiras, mostrando o poderio econômico do time e colocando muitas expectativas no jogador. Ele no início não correspondeu, sendo o principal responsável da derrota do Palmeiras no Paulista para o Santos, quando ele perdeu um pênalti no jogo de ida e foi expulso no jogo da volta, mas com o tempo ele se recuperou e outros grandes foram surgindo no time: Gabriel Jesus, uma revelação da base que fez muito na Copa do Brasil, especialmente no jogo contra o Cruzeiro; Zé Roberto, um lateral experiente que virou o rei das preleções, com uma citação especial a "Bate no peito do amigo e diz: O Palmeiras é grande"; Robinho que ficou famoso por fazer gols de cobertura em cima do São Paulo e claro, Fernando Prass, que havia chegado em 2013 para a série B e acabou virando um dos pilares da reconstrução palestrina, e foi premiado com o pênalti que brindou o terceiro título da Copa do Brasil em cima do Santos, algoz do Paulista.   

Com o passar dos anos outros jogadores escreveram suas histórias no time, outros títulos foram conquistados e os olhos dos rivais cresceram, especialmente nos tropeços, mas zuar o Palmeiras não tinha o mesmo peso que tinha até 2014, já que ali todos estavam rindo de um time no fundo do poço, agora o objetivo era diminuir a auto estima do palmeirense, que tinha todos os motivos para estar alta, mas as cargas de estresse também. Como diria Tio Ben "Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades" e o Palmeiras viveu isso a cada eliminação, a cada tropeço, a cada fracasso, já que como pode um time tão caro e capacitado não conseguir vencer uma Libertadores? Um Mundial? A incompetência do Palmeiras em reforços que não rendiam e técnicos inadequados chegou a gota d'água em 2019 quando Alexandre Mattos foi demitido. O padrão aumentou, por um tempo parecia que a torcida se estressava mais com o time numa fase boa do que quando o time estava mal, mas tudo estava prestes a mudar em 2020. 


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2020 começou com cautela no Palmeiras: Poucas contratações, mas tentando buscar alguém que viesse pra resolver. De início veio o LE Matias Viña e o ponta Rony, o resto das caras novas do time vieram todas da base: Gabriel Veron, Gabriel Menino, Patrick de Paula, Wesley, Danilo, Lucas Esteves, Alanzinho e outros. O Palmeiras fez também uma aposta num técnico vitorioso mas questionado: Vanderlei Luxemburgo, voltando ao Palmeiras depois de 11 anos. O time teve como primeiros testes a Flórida Cup e o Paulista. O primeiro foi vitorioso graças a derrota do Corinthians, o segundo começou bem, mas com ressalvas, só que com a pandemia o futebol deu uma parada, depois daí várias coisas mudaram, em especial a saída do símbolo do time, Dudu.   

Quando o futebol voltou e a bola jogada pelo Palmeiras se mostrou não ser das melhores estava claro que Luxemburgo não era o cara para comandar o time, mas mesmo assim o time foi avançando e chegou na final contra o arquirrival Corinthians, que havia vencido o Paulista em cima do alviverde em 2018 no Allianz Parque, dando a oportunidade de vingança, que veio, com muita emoção, mas veio também numa disputa de pênaltis, quando o garoto Patrick de Paula reduziu o gigante Cássio a um mero goleiro comum e garantiu o título do Paulistão.  

Apesar do título, o futebol jogado pelo time de Luxemburgo não agradava e vários tropeços ridículos começaram a acontecer como perder para o Botafogo (que viria a ser rebaixado meses depois) Coritiba em casa (que está para ser rebaixado) e São Paulo em casa (algo que nunca tinha acontecido no Allianz Parque), justificando a demissão do técnico. 

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Após muita pesquisa um nome foi escolhido: Abel Ferreira. Um técnico jovem, estudioso, que o maior feito até então tinha sido eliminar o Benfica de Jorge Jesus, que tinha acabado de ganhar Libertadores e Brasileiro com o Flamengo em 2019, com o modesto PAOK da Grécia pela Liga dos Campeões. Ele assumiu em Novembro de 2020, aproveitou bastante do trabalho do auxiliar do Palmeiras que ficou como treinador interino, Andrey Lopes e conquistou os jogadores, e com pouco tempo arrumou a casa e recuperou jogadores irrecuperáveis como Raphael Veiga, Zé Rafael, Gustavo Scarpa e etc. Até Ramires e Lucas Lima tiveram momentos de brilhantismo sob o comando do treinador português, mas claro que as coisas não foram assim tão simples. Abel chegava ao Palmeiras em meio a surtos de COVID-19 e no caminho de dois mata matas importantes: Libertadores e Copa do Brasil. Pra terminar de piorar, poucos jogos depois que ele assumiu, Wesley e Felipe Melo acabaram se lesionando e saindo até Fevereiro, mas isso acabou não atrapalhando Abel, que conseguiu avançar nas duas competições, levando o Palmeiras a duas semi finais, na Copa do Brasil o Palmeiras enfrentaria o América MG e na Libertadores o River Plate. 

Na Copa do Brasil o Palmeiras enfrentou dificuldades nos dois jogos, afinal o América MG havia eliminado Corinthians e Internacional nas fases anteriores, mas não teve jeito pro time mineiro, o Palmeiras chegaria na final da Copa do Brasil para enfrentar o Grêmio. Na Libertadores, o Palmeiras fez um primeiro jogo fora da curva, fazendo 3x0 no River Plate na Argentina. Já na volta a equipe do Palmeiras fez um segundo jogo fora da curva, jogando muito mal e perdendo por 2x0, mas conseguindo uma classificação difícil apesar do primeiro jogo.

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A final da Libertadores tinha tudo pra ser histórica: Enfrentando o Santos, um rival regional numa rara final brasileira dentro do Maracanã, o templo do futebol. A final em questão de qualidade não foi das melhores, mas o final do jogo é emocionante: O jogo estava empatado em 0x0 até o minuto 99 (mesmo ano que o Palmeiras vence a primeira Libertadores) Rony alça uma bola na área para Breno Lopes (atacante do Juventude que foi contratado em Novembro) que cabeceia para o gol, fazendo transbordar o espírito de todo palmeirense que sofreu e merecia estar passando por aquele momento.  

Naquele momento nada importava, a América era nossa outra vez, a nossa obsessão finalmente aconteceu. Nesse momento eu só tive a reação de gritar, xingar e chorar muito, como um desabafo, porque é assim que o palmeirense comemora, desabafando ao mundo emocionado todo o seu amor. Dali pra frente pouco importava o que aconteceria no mundial (perdemos btw) nada tiraria de mim aquela memória e o meu estado pós gol, queria viver naquele momento pra sempre. 

Após toda essa reflexão digo que ser Palmeiras é ser apaixonado como um louco, é perder e sentir que tive as pernas amputadas, mas é vencer e pular como se tivesse quatro pernas ao invés de duas. Sei que parece confuso, mas vou deixar uma frase do eterno Joelmir Beting que traduz muito bem o que sinto "Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense... É simplesmente impossível" 

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